terça-feira, 16 de setembro de 2008

Como surgiu o rombo imobiliário americano?



Grandes financiadoras e bancos começaram a emprestar para quem não podia pagar. Comprar um imóvel ficou fácil demais. O financiamento a longo prazo saía sem muitas perguntas.

Para entender como surgiu esse rombo no sistema imobiliário dos Estados Unidos, é preciso voltar na história. É o que faz agora o repórter Ernesto Paglia.


Primeiro, caíram as torres gêmeas. Logo em seguida, despencaram os juros. Depois dos ataques terroristas de setembro de 2001 a Nova York e Washington, o governo americano precisava reativar a economia e tirar o país do desânimo. Estimulou o consumo e multiplicou o crédito com juros baixos. Funcionou, mas, no mercado imobiliário, passou do ponto. Grandes financiadoras e bancos começaram a emprestar para quem não podia pagar. Comprar um imóvel ficou fácil demais.


O financiamento a longo prazo saía sem muitas perguntas. Para compensar os juros baixos que traziam pouco retorno, muitos bancos aumentaram a rentabilidade abrindo os cofres para clientes com cadastro ruim comprar a casa própria. Gente com dívidas ou empregos instáveis, que aceitava pagar juros maiores. O chamado mercado sub-prime. Para diminuir os próprios riscos, os bancos repassaram essas dívidas a outras instituições financeiras dentro e fora dos Estados Unidos. Mundo afora, diferentes bancos ofereceram aos seus clientes investimentos escorados nas mensalidades daqueles imóveis.


O problema é que, no ano passado, as prestações começaram a subir, depois que o governo dos Estados Unidos decidiu aumentar os juros para segurar a inflação. Os clientes mais fracos, a turma do sub-prime, foram os primeiros a deixar de pagar e começou um perigoso efeito dominó. Quem emprestou para o mau pagador não recebeu e também não pagou os investidores. E os títulos negociados foram despencando sem garantia. Não havia dinheiro para mais ninguém e grandes instituições começaram a pedir água.



O governo americano ficou na difícil situação de escolher quem será socorrido e quem vai afundar. Nesta semana, o mundo todo vive sob o impacto do naufrágio do quarto maior banco de investimento americano. Ao longo dos seus mais de 150 anos de história, o poderoso banco Lehmann Brothers nunca emprestou um dólar sequer para alguém comprar casa própria. Mas essa instituição secular e respeitada, que até o ano passado ainda deu lucro, foi contaminada justamente por aqueles empréstimos imobiliários arriscados do começo dessa história.


Para o economista Luis Fernando Lopes, os bancos brasileiros não correm o mesmo risco, já que a legislação do país de uma certa forma blindou o sistema financeiro nacional. “No Brasil, a regulação do sistema financeiro, especificamente o que pode ser colocado na carteira dos bancos, é bastante rigorosa. Então o acesso que o investidor brasileiro tem a esses instrumentos, esse tipo de ativo mais problemático é muito pequeno”.

http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL762487-10406,00-COMO+SURGIU+O+ROMBO+IMOBILIARIO+AMERICANO.html


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