domingo, 4 de março de 2012

Identifiquei-me com a poesia

Respostas na Sombra
 
"Sofro... Vejo envasado em desespero e lama
 
Todo o antigo fulgor, que tive na alma boa;
 
Abandona-me a glória; a ambição me atraiçoa;
 
Que fazer, para ser como os felizes?"
 
- Ama!

"Amei... Mas tive a cruz, os cravos, a coroa

De espinhos, e o desdém que humilha, e o dó que infama;

Calcinou-me a irrisão na destruidora chama; 
 
Padeço! Que fazer, para ser bom?"

- Perdoa!

"Perdoei... Mas outra vez, sobre o perdão e a prece, 
 
Tive o opróbrio; e outra vez, sobre a piedade, a injúria; 
 
Desvairo! Que fazer, para o consolo?"

- Esquece!

"Mas lembro... Em sangue e fel, o coração me escorre:

Ranjo os dentes, remordo os punhos, rujo em fúria... 
 
Odeio! Que fazer, para a vingança?"

- Morre!

Olavo Bilac